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REFLEXÕES SOBRE A SANTA CEIA,
O ATO DE COMER E O LAVA-PÉS.
Eloy
Arraes Vargas
Objetivo do estudo:- levar os
leitores ou ouvintes a meditar na grande quantidade de atitudes ou conceitos que
temos por pura tradição, e mostrar que enquanto nos preocupamos com
formalidades, cerimoniais e tradições esquecemos o real conteúdo do
ensinamento bíblico. |
OS DISCÍPULOS A CAMINHO
DE EMAÚS
Iniciamos nossa reflexão
tentando formar em nossas mentes a cena em que dois discípulos estavam
caminhando para a cidade de Emaús. Lucas 24:13.
Era uma boa caminhada, sessenta
estádios (aproximadamente 12 Km.)
Os discípulos encontram com um
outro viajante, o qual vai caminhando com eles e se comporta como um rabino
severo que os repreende por não conhecerem corretamente a palavra de Deus
(vs25,26e27); os discípulos não reconhecem quem é que esta com eles, ao
chegarem convidam o acompanhante para passar a noite com eles, quando se
reúnem para comer o terceiro viajante (vs.30) tomando o Pão o abençoou
e partiu-o e lho deu; (vs 31) e abriram-se-lhes os olhos, e o conheceram.
O fato
fundamental destacado aqui é que os discípulos reconheceram que era Jesus no
momento que ele deu Graças pelo alimento, se esse fato não fosse
importante para nós seguramente não estaria relatado na Bíblia.
Mas a grande pergunta que fica
é: O que havia de especial na forma usada por Jesus ao
abençoar o pão que o diferenciava dos outros Judeus?
Convém lembrar aqui que
seguramente na mesa havia mais alimentos para comer além do pão e que os
judeus ainda estavam no período de festas da Páscoa e dos Pães azmos, mas
não é essa a preocupação desta reflexão.
A PÁSCOA JUDAICA SUA INSTITUIÇÃO E
CARACTERÍSTICAS.
Vamos nos reportar agora ao livro do
Exodo 12:1 a 28.
Note-se que a preparação para a
páscoa de deveria começar no dia 10 de nissã, no qual as famílias deveriam
ESCOLHER O SEU CORDEIRO. (vs 3).
Alimentos:- Carne assada no fogo,
pães azmos, ervas amargas. (vs.8).
JESUS NA PÁSCOA JUDAICA - A
SANTA CEIA.
Mateus 26:17-30
Note-se na descrição feita por
Mateus que Jesus e os discípulos não estavam preparados para a Páscoa, pois no
primeiro dia da festa é que eles se preocupam com o fato, logo não tinham
o carneiro escolhido nem casa preparada.
O fato de procurarem uma pessoa para
comer a páscoa na casa dessa pessoa não causa nenhuma estranheza, basta
recorrermos ao livro do êxodo para ver que isso era possível, uma família
pequena se juntava a outra para comer nesse dia.
Outro fato que dai decorre é que
não podemos afirmar que na Ceia só estavam Jesus e seus discípulos, muito
embora os evangelhos não façam referência a esse fato, isso é o que a razão
e a descrição do velho testamento indica.
Leia-se o vs. 20 e 21 e compare-se
com o vs. 26
O que temos ai? Temos que
a instituição da "Santa Ceia" se faz depois de terminada a Ceia da
Páscoa judaica, e se caracteriza pela Benção e por dar Graças pelo Pão
e Vinho, e mais a instituição de um "novo testamento" ou novo
"acordo"ou novo "concerto" no sangue de Jesus.
Marcos 14:12-26
(destaque para o vs.22)
No evangelho de Marcos
também fica claro que a instituição da "Santa Ceia" foi durante a
comemoração da Páscoa Judaica, e fica clara a sua ligação com o Ato de Dar
Graças e abençoar o pão e o vinho.
Lucas 22:7-23
Destaque-se os versos
17,19 e 20.
O que vemos aqui:
No verso 17 Jesus toma o
cálice final da Páscoa Judaica, no verso 19 ele dá graças pelo pão
distribui e diz "fazei isto em memória de mim".
Agora é a hora de
perguntar: Fazei isto o que?
No verso 20 é dito que da
mesma forma que ele agiu com o Pão ele o faz com o cálice depois de comer.
Da leitura dos 3
evangelhos acima fica claro que o "fazei isto" trata-se
da benção e do dar graças e do relembrar a Jesus ao realizar estes atos.
João 13: 1-20
Destaque vs.2 (Quando e
como foi o lava-pés).
É importante lembrar que o
evangelho de João não é um evangelho que se preocupa com a sequência dos
fatos e sua descrição.
João esta mais preocupado com
conceitos teológicos e com a caracterização de Jesus como o Filho de Deus.
Note-se que ele não descreve a
Santa Ceia nem mesmo a Páscoa, mas está preocupado com a lição de humildade
que Jesus deu nessa ocasião.
Da Leitura de João não se
pode afirmar que o lava-pés fazia parte da solenidade da páscoa judaica nem
mesmo da "Santa ceia" instituída por Jesus, mas simplesmente que
Jesus pretendeu dar uma lição de humildade aos discípulos.
Nada se pode propor contra
aqueles que realizam o lava-pés antes ou depois da "Santa
Ceia", pois trata-se de um hábito salutar para os crentes, mas também
não há como estabelecer o lava-pés como como ritual que possa impedir de
tomar a "santa Ceia" os que não participam do lava-pés.
A CEIA
ENTRE OS CORÍNTIOS.
I corintios 11:17-34
A leitura da carta do Apostolo
Paulo aos corintios no capítulo 11 a partir do Vs. 17 e extremamente
esclarecedora.
Lamentavelmente a Tradição
tem feito com que se leia o texto só em ocasiões de Santa Ceia e somente a
partir do Vs, 23.
Da leitura do texto se observa
que:
1) A santa ceia era realmente
um almoço ou jantar comunitário realizado na Igreja ou outro local. vs. 20.
2) A festa era tão grande que
alguns comiam esquecendo-se dos outros e alguns até se embriagavam.
3) Paulo diz que essa forma de
realizar a ceia esquecendo-se dos outros não era o que Jesus havia instituído
e que chegava a ser vergonha para a Igreja e humilhação aos pobres.vs.22.
Paulo passa então a ensinar os
Corintios o que ele havia aprendido com o Senhor. vs.23.
a) Tomou o Pão deu graças e
distribuiu a todos. vs.24 e disse fazei isto em memória de mim.- Isto o que?
- a resposta é evidente, dar graças e reecordar a Jesus.
b) Agindo da mesma maneira com
o cálice disse:"este cálice é o novo testamento no meu sangue; fazei
isto todas as vezes que beberdes,
em memória de mim."
A virgula exagerada não é
erro, o fato é que esquecemos sempre dessa virgula, e ao lermos sem ela
alteramos completamente o conteúdo do texto.
Ora o que temos aqui?
Paulo diz que da mesma forma
que foi feito com o pão também foi feito com o Vinho, logo concluímos que TODAS
AS VEZES QUE VAMOS COMER E QUE DAMOS GRAÇAS E PEDIMOS AS BENÇÃO PELO
ALIMENTO, ESTAMOS FRENTE A UMA "SANTA CEIA" .
O que podemos inferir desses
fatos?
Podemos inferir que quando nos
sentamos a mesa em nosso lar com nossos filhos, ou em outro local, e damos
graças e pedimos as bênçãos de Deus sobre os alimentos estamos frente a uma
"santa Ceia" - Todas as vezes, e não somente em
ocasiões especiais com um ritual especial.
Seguramente tais inferências
nos levam a muitas responsabilidades no ato de comer, quanto a forma, quanto a
qualidade dos alimentos quanto a reverencia junto a mesa.
Os ensinamentos de Jesus são
muito mais amplos e mais objetivos do que as limitações que a tradição
impõe.
Este estudo responde para mim
as seguintes perguntas:
Quantas vezes é possível
tomar a "Santa Ceia"? - Tantas e quantas vezes for possível.
É recomendável impedir
alguém de tomar a "Santa Ceia"? - Seguramente NÃO, tomar a Santa
Ceia é responsabilidade de cada um, ninguém tem o direito de impedir.
Para os
adventistas que não se conformam com o ensino claro da palavra de Deus e que
dependem de uma bengala (da luz menor) para se apoiar, recomendamos a leitura do
texto incluído em:
DESEJADO DE
TODAS AS NAÇÕES, CAPÍTULO LXXII (72)
"EM
MEMÓRIA DE MIM" - PAG. 636 - 11a edição.
Onde é tratado
o mesmo assunto com as mesmas conclusões.
"Disse nosso Salvador: 'Se não
comerdes a carne do Filho do homem, e não beberdes o Seu sangue, não tereis
vida em vós mesmos. ... Porque a Minha carne verdadeiramente é comida, e o Meu
sangue verdadeiramente é bebida.' João 6:53-55. Isso é verdade quanto à
nossa natureza física. Mesmo esta vida terrestre devemos à morte de Cristo. O
pão que comemos, é o preço de Seu corpo quebrantado. A água que bebemos é
comprada com Seu derramado sangue. Nunca alguém, seja santo ou pecador,
toma seu alimento diário, que não seja nutrido pelo corpo e o sangue de
Cristo. A cruz do Calvário acha-se
estampada em cada pão. Reflete-se em toda fonte de água. Tudo isso
ensinou Cristo ao indicar os emblemas de Seu grande sacrifício. A
luz irradiada daquele serviço de comunhão no cenáculo torna sagradas as
provisões de nossa vida diária. A mesa familiar torna-se como a mesa do
Senhor, e cada refeição um sacramento." -- O Desejado de Todas
as Nações, pág. 660, versão em cd-rom.
Eloy
Arraes Vargas
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