Boletim Mensal * Ano V * Abril de 2008 * N.º 60

           

 

 

 

 

 

 

“Não tenho Capital suficiente para viver neste Socialismo!"

 

 

José Pires

 

 

Movimento pró-Pátria, Ciclópica tarefa, essa!
         Mais árdua do que a da União de todas as Igrejas, com os islamitas a não ficarem de fora. Mas não será por aí que virá mal ao mundo, creio. Por isso, sucesso é o que vos desejo, uma vez que as idéias políticas do cardápio existente parece que desembocaram todas numa grande praça sem saídas, situada em parte nenhuma, numa espécie de Terra do Nunca, que começa exatamente onde acaba, num universo esférico e maluco que se fecha sobre si próprio! Ainda ontem, no remanso do lar, ao espreitar a TV, eu vi uma reportagem sobre uma grande manifestação organizada pelo PC, onde se repetiam chavões gastos pelo tempo e idéias que já há muito desapareceram nos caixotes do lixo da História.
         A dada altura deparo com uma fila de velhotes, da minha idade ou talvez até mais idosos, de bandeirinha vermelha na mão, a gritarem, Vinte e cinco de Abril, sempre! Fascismo nunca mais! .
         Não pude deixar de sorrir. Não de troça mas de uma comiseração não isenta de alguma ternura, confesso. Vinte e cinco de Abril, sempre! Fascismo nunca mais! E eu perguntava para com os meus botões o que diabo é que aquilo significava, afinal. Que se queira mudar um regime político para obter melhores condições de vida, eu percebo. Que se usem meios drásticos e violentos para se obter o contrário, já acho, no mínimo, insólito.
Vejamos. Todos aqueles velhotes não tinham aspecto de terem sido nem pequenos nem médios comerciantes e industriais (os únicos que o Partido permite que existam). Tinham forçosamente de ter sido, no máximo, assalariados e trabalhadores por conta de outrem e agora deviam ser apenas pensionistas ou reformados.
         E eu lembrei-me das condições de trabalho de que dispunha aquele extrato da população durante o Fascismo nunca mais! Só posso falar das experiências que tive durante a minha carreira contributiva, claro, trabalhando em empresas de média dimensão na capital e dessas respigo o seguinte: Cada cidadão que fosse admitido numa empresa, trabalhava durante três meses em regime precário. Ao fim de três meses ou era dispensado ou entrava diretamente para os quadros da empresa com todos os deveres e direitos adquiridos garantidos. Ao cabo de dez anos de serviço, o empregador só os podia despedir com justa causa: -(conduta desordeira, roubo ou depredações graves no patrimônio da empresa)

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