Movimento pró-Pátria, Ciclópica
tarefa, essa!
Mais árdua do que a da União de todas as
Igrejas, com os islamitas a não ficarem de fora. Mas não será por aí que
virá mal ao mundo, creio. Por isso, sucesso é o que vos desejo, uma vez
que as idéias políticas do cardápio existente parece que
desembocaram todas numa grande praça sem saídas, situada em parte
nenhuma, numa espécie de Terra do Nunca, que começa exatamente onde
acaba, num universo esférico e maluco que se fecha sobre si próprio!
Ainda ontem, no remanso do lar, ao espreitar a TV, eu vi
uma reportagem sobre uma grande manifestação organizada pelo PC, onde se
repetiam chavões gastos pelo tempo e idéias que já há muito
desapareceram nos caixotes do lixo da História.
A dada altura deparo com uma fila
de velhotes, da minha idade
ou talvez até mais idosos, de bandeirinha vermelha na mão, a gritarem,
Vinte e cinco de Abril, sempre! Fascismo nunca mais! .
Não pude deixar de sorrir. Não de troça mas de uma comiseração
não isenta de alguma ternura, confesso. Vinte e cinco de
Abril, sempre! Fascismo nunca mais! E eu perguntava para com os meus
botões o que diabo é que aquilo significava, afinal. Que se queira mudar
um regime político para obter melhores condições de vida, eu percebo.
Que se usem meios drásticos e violentos para se obter o contrário, já
acho, no mínimo, insólito.
Vejamos. Todos aqueles velhotes não
tinham aspecto de terem sido nem pequenos nem médios
comerciantes e industriais (os únicos que o Partido permite que
existam). Tinham forçosamente de ter sido, no máximo, assalariados e
trabalhadores por conta de outrem e agora deviam ser apenas
pensionistas ou reformados.
E eu lembrei-me das condições de trabalho de que dispunha
aquele extrato da população durante o Fascismo nunca mais! Só
posso falar das experiências que tive durante a minha carreira
contributiva, claro, trabalhando em empresas de média dimensão na
capital e dessas respigo o seguinte: Cada cidadão que fosse admitido
numa empresa, trabalhava durante três meses em regime precário.
Ao fim de três meses ou era dispensado ou entrava diretamente
para os quadros da empresa com todos os deveres e direitos adquiridos
garantidos. Ao cabo de dez anos de serviço, o empregador só os
podia despedir com justa causa: -(conduta desordeira, roubo ou
depredações graves no patrimônio da empresa)
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