Boletim Mensal * Ano VII * Dezembro de 2008 * Número 65

     

Uma página de culinária          

COZINHADOS NO NORDESTE

Ricardo Vilardebó, proprietário e emérito cozinheiro do “SITIO DA CALMA”,

praia de A Ver o Mar - Sirinhaem. (fone 88374418)

 

           

       

 

Hoje tem polvo frito no óleo com cebolas e berinjelas recheadas

Vinham uns amigos almoçar, daqueles que, como eu, só comem carne quando não têm outro remédio. Vai daí resolvi fazer uma entrada que gosto imenso apesar de um pouco.... gorda: Polvo com cebola fritos. Depois serviria umas berinjelas recheadas que até a “minha” Zi come, ela que “odeia” berinjela.

E lá fui eu prá cozinha fazer o que gosto. Primeiro preparei as berinjelas. Eram três, tamanho médio, sãs, sem bicho. Cortei-as ao meio e retirei o interior, que cortei em cubinhos pequenos e reservei, salpicando com suco de limão. Para completar o recheio, piquei 1 pimentão, 3 pimentas, 1 cebola grande e 1 troço de gengibre, cortei em cubinhos 1 cenoura, 1 fatia bem grossa de abacaxi e 4 tomates maduros e esmaguei 4 dentes de alho com casca. Fui colocando tudo no wok, com um pouco de azeite, por ordem – alho, cebola, pimentão e pimenta, gengibre, cenoura, tomate e abacaxi. Temperei com sal e curry. Juntei 1 xícara de leite de coco e uma colher de sopa cheia de creme de leite grosso. Deixei cozinhar durante alguns minutos, reduzindo o molho. Retirei do fogo e juntei um ramo de salsa bem picado. Recheei as berinjelas já colocadas num pirex. Em cada uma, coloquei uma fatia de queijo de prato, depois o recheio. Polvilhei com pimenta preta macerada.

Parti para o polvo e as cebolas. Cortei estas em rodelas e o polvo, já devidamente cozinhado, sem sal, na panela de pressão, em tiras finas. Temperei com sal e reservei. Coloquei farinha de trigo num prato e 2 ovos batidos noutro.

Primeiro coloquei as berinjelas no forno já aquecido. Depois de assarem durante 15 minutos, retirei-as, cobri cada uma com uma fatia de mussarela e voltei a colocá-las no forno até o queijo derreter.

Entretanto, passei o polvo misturado com a cebola, no ovo e na farinha e fritei em óleo quente. É uma fritura muito rápida. Só o tempo de dourarem.

Como acompanhamento, para quem quisesse, arroz feito com bastante alho.

Entre cada prato, servi um licor de limão gelado, para “cortar”.

E a conversa fixou-se num tema que gosto de discutir – religião. Claro que, falar de religião não se resume a discutir o conteúdo das várias crenças que existem, mas a toda a filosofia que envolve a Existência. E é isso que me apaixona, porque é com muita troca de idéias (e muita leitura, claro!) que a nossa consciência evolui. E como eu evoluí desde os tempos em que, com grandes dúvidas, não tinha outro remédio senão pensar que existia para, sofredoramente, provar a Deus que era merecedor de “ficar sentado ao Seu lado” depois de morrer. E para isso tinha que viver com um constante sentimento de culpa – pois era pecador!...porque era!...até tinha nascido  pecador por causa das presepadas do Adão e da Eva! E tantos outros conceitos muito dogmáticos (porque isso de ter sentido crítico e idéias próprias é coisa do diabo...) que não tinham lógica nenhuma. Hoje me sinto em paz e livre, com um sentido de vida muito mais amoroso, acreditando que Deus é tudo o que existe, somos nós todos, é toda a natureza e até tudo o que construímos, porque tudo é energia, parte de uma energia global – Deus! Hoje tenho consciência do-que-sou-e-o-que-ando-cá-a-fazer! E com isto deixei de ter culpa, raivas, muitos medos e, sobretudo, passei a amar-me, condição essencial para amar tudo o resto. É, de fato, um tema que dá para conversas sem fim! E no fim, abraços, porque é de Amor que falamos!