Boletim Mensal * Ano VII * Fevereiro de 2009 * Nº 67

           

COLUNA DOS VINHOS                                                                                                    

Ivo Amaral Junior

 

             Estamos em pleno verão! Momento de aproveitar o sol, as praias, os passeios, as caminhadas e também de tomar bons e refrescantes vinhos!

            Fui questionado se nesse calor dantesco os vinhos tintos caiam bem. Respondi que dependia do momento (e do local!), mas que poderíamos perfeitamente adequar os excelentes vinhos espumantes brasileiros produzidos no Vale do São Francisco e na Região de Garibaldi ao clima nordestino - que nos leva a vestir-nos diafanamente, pois só assim o clima fica suportável. Lembrei, ainda, dos extraordinários vinhos rosados, que antes eram defesnestrados, pois se achava serem provenientes apenas de mistura de vinho branco com tinto, o que é uma lenda nos dias atuais, além de muitos tintos jovens e leves (vinhos da diária, como chamamos) e até mesmo vinhos fortificados, parentes do querido vinho do Porto.

            Os vinhos espumantes são apropriados para nosso clima. No Rio Grande do Sul, próximo ao município de Garibaldi, são produzidos os melhores espumantes brasileiros, quiçá mundiais (atrás apenas do Champanhe francês) e que estão conquistando novos espaços nos mercados.

            Indico alguns que já tomei, a preços bastante acessíveis, na faixa até vinte reais temos o Anonymus Gourmet e o Casa Perini Brut e Rose Brut, além dos espumantes produzidos com a uva Prosecco no Brasil (sim, Prosecco não é um tipo de espumante, é qualquer um que seja produzido com até 70% da deste tipo de uva) e também o Lambrusco italiano. Na faixa até cinquenta, tomei um que já indiquei em colunas pretéritas, o Cave Geisse e o Cave do Amadeu (ambos nacionais), além da Cava Cristalino (espanhola), excelente relação custo/benefício e os espumantes da Miolo e da Salton (os mais conhecidos nacionalmente).

            Acima disso, as safras especiais da Miolo (Milésime) e da Cave Geisse são excelentes e os métodos são os mais avançados que temos notícia. Tão avançados quanto os utilizados na França para a feitura dos extraordinários Dom Perignon, Veuvet-Clicot, Pommery (a mais vendida na França), Piper-Heidseck (que tem uma história belíssima de sobrevivência dos vinhedos e da empresa à época da 2ª Guerra) e para mim a insuperável Laurent-Perrier Rose.

Todos os que citei acima podem ser degustados na praia, na piscina, na casa de campo ou em seu próprio lar, desde que estejam entre 4º C a 6º C e podem ser acompanhados por petiscos como camarões e peixes ou por um belo e saudável prato de frutas (uva, ameixa, maçã, etc).

            Mas não é só de espumantes que o verão é feito! Temos muitos brancos de qualidade superior e preços acessíveis. Portugal tem o Adega de Pegões, premiadíssimo. O Chile faz um dos melhores sauvignons blancs do mundo, gosto muito do Camino del Sur, a Argentina e suas uvas emblemáticas (Torrontés) tem o Argento como um dos bons exemplares – sem falar dos Chardonnays de boa qualidade nesses dois países sul americanos, no Chile o Casa Silva se destaca junto com o Emiliana, na Argentina o Escorihuela Gascón da uva viogner é uma boa pedida. Numa faixa de preço um pouco maior, temos os vinhos da África do Sul, principalmente da região de Stellenbosch, com a versátil Chenin Blanc e os italianos e franceses, que sempre chegam por preços muito altos para o consumidor final. Vale a pena quando algum amigo traz de viagem, afora isso, na esmagadora maioria dos casos o valor é proibitivo.

            Mas nessa estação do ano também há espaço para os Roses e Tintos jovens e leves. Aqueles são provenientes do suco formado pela fermentação de uvas tintas, que tem leve contato com a casca da uva (esses de melhor qualidade) ou da mistura de vinhos brancos e tintos (o que é mais raro nos dias atuais, pois resultavam em vinhos de baixa qualidade); além destes, os tintos jovens e leves são bastante apreciados – eu mesmo gosto - desde que tomados quando o clima tiver mais ameno ou em ambiente climatizado, acompanhado de pratos leves (saladas, massas leves, peixes, frutos do mar, carnes magras, etc).

            Por fim, sem nenhum trocadilho em relação à sobremesa, a estação sugere a troca do vinho do Porto por vinhos de colheita tardia (exemplo do Late Harvest chileno – exemplares de escol são o De Solminihac e o Tuniche), já que os Tokaj húngaros e os Sauternes franceses chegam aqui com preços impensáveis para a maioria dos mortais. A Aurora, brasileira, produz um excelente! Os métodos para fazer tais vinhos variam entre deixar a uva passar do ponto de colheita e ficar quase “pacificada”, com alta concentração de açúcar (caso dos chilenos) ou deixar o fruto ser atacado por fungos naturais (caso da Hungria e França – abençoados com esse milagre da natureza), todos podendo ser harmonizados na sobremesa com queijos ou doces mais leves (uma torta de limão ou maracujá, por exemplo).

            O verão continua! Garimparei mais dicas durante esses meses.     

Abraços “calorosos” caros compadres, até a próxima!