Ü Primeira Foto:
Belém - PA - Bonde especial para festas e recepções. (Fabricado pela United Electric Co. Ltd. Preston Ingl.) - HTUB - WCS - pág. 23. Nos primórdios dos serviços de bondes era comum a existência de carros especiais, como, p/ex., o tipo à esquerda, para ocasiões festivas. Houve também bondes ambulância, carros fúnebres, bagageiros, basculantes, coletores de lixo, etc. Conclui-se daí o quanto o bonde era presente na vida cotidiana das cidades. O veículo da foto é um carro de pequeno porte, de truque único (apenas quatro rodas) com coletor de energia do tipo lança. Este exemplar, se prestarmos atenção, lembra um carro de passageiros de via férrea comum.

Ü Segunda Foto:
Interior do bonde de luxo – 1908 - HTUB -WCS - pág 24 (Belém). Mais um exemplo de bonde especial, este um carro de luxo, ou um "executivo", como seria chamado hoje. Note-se bem o aspecto do salão, muito semelhante ao interior de um carro restaurante de trem de longo curso.

Antes da eletrificação, Belém teve bondes a vapor e a tração animal. O primeiro transporte coletivo urbano em Belém do Pará foi um sistema de trens a vapor, contratado com o norte-americano J. B. Bond, em 1869. Os direitos foram transferidos, antes da inauguração, a M. A. P. Bueno (Bueno & Cia.), que instituiu a "Companhia Urbana de Estrada de Ferro Paraense". O tráfego foi inaugurado em 01/Novembro/1871. (Ao que tudo indica - segundo os dados do livro de Stiel, que descreve o trajeto por ruas e travessas - tratava-se realmente de um sistema de bondes a vapor.) Este serviço inicial contava com três locomotivas a vapor, quatro carros de passageiros e quatro vagões de carga, trafegando em bitola de 1,44m. Em 1881 foi criada também a "Cia. Paraense", com bitola de 0,75m. Em 1894 firmou-se um contrato entre a Intendência (prefeitura) de Belém e a referida Cia. Urbana para a instalação de um sistema de bondes elétricos. Com vistas à eletrificação, unificaram-se as duas companhias, perfazendo-se uma extensão de 42 km para a bitola de 1,44 (contando com 90 carros) e de 37 km para a de 0,75 (com 77 carros). O material rodante total incluía, ainda, duas locomotivas. A empresa, porém, não atendeu aos objetivos da administração municipal, e em 1904 a concessão foi transferida para a "C. H. Christopher", companhia inglesa. Em 1905 assinou-se contrato com o empresário britânico Moller, firmando-se a "Pará Electric Railways and Lighting Company", sendo finalmente iniciado o assentamento dos trilhos para o bonde elétrico, em 1906. Os carros encomendados eram dos tipos: 1 – carro-vestíbulo (salão) de primeira classe, isto é, bonde fechado; 2 – carro aberto de segunda classe; 3 - carro misto Preston, conversível, para duplo serviço; 4 – carro Brill conversível; 5 – carro combinado para passageiros e bagagens. Vieram também dois carros especiais para o governador do estado e o intendente municipal (prefeito). A inauguração dos elétricos deu-se em 15 de agosto de 1907. As linhas eletrificadas expandiram-se, e em 1908 foi extinta a tração animal. O "tramway" de Belém funcionou até 1947.