Os
primeiros bondes de Vitória - a tração animal - vieram de Niterói, onde, em 1906,
estava sendo instalada a tração elétrica. A primeira linha de bondes a burro na capital
capixaba foi inaugurada em 1907, ligando o centro da cidade ao Forte de São João,
passando pela rua 1º de Março. Dois anos depois (1909) a rede estendia-se à
Praia do Suá, e, a seguir, ao Arraial de Santo Antônio. Como nos informa Stiel, a
concessionária, chamada "Empresa Ferro-Carril Suá", possuía, também, uma
locomotiva a vapor ("60 muares e uma locomotiva a vapor . . . oito
carros de passageiros e quatro de carga para pequenos volumes" - HTUB - WCS - pág.
486). O interesse pela eletrificação não tardou a manifestar-se, em vista da crescente
tendência pela adoção da tração elétrica, além do status quo da cidade, uma
capital, município considerado importante e, para a época, populoso. Tomada a decisão,
contratou-se a Cia. Central Brasileira de Força Elétrica, para a eletrificação do
sistema e à firma Antônio Buarque e Cia. coube o serviço específico dos bondes
elétricos, a ser implantado, a princípio, em ligação entre os bairros Argolas e Vila
Velha. As obras começaram em fins de 1910 e já em 20 de Julho do ano seguinte (1911)
procederam-se experiências. A inauguração do serviço deu-se no dia seguinte (21 de
Julho), com bondes de procedência alemã, do fabricante Siemens/Schuckert Werke. "A
corrente para os bondes era levada da subestação à casa de transformadores na rua 7 de
Setembro, com uma voltagem de 2 mil V, onde, em três transformadores rotativos
trifásicos - cada um ligado a um motor trifásico de 135 cavalos - convertia em corrente
contínua com uma voltagem de 600 V a 700 V. Havia também um dínamo de corrente
contínua da mesma voltagem." (HTUB - WCS - pág. 487). A frota contava nove carros
de passageiros, abertos, de pequeno porte (quatro rodas, ou truck
único), de seis bancos, ou 24 lugares (ver fotografia acima) - sete deles com dois
motores de 30 cavalos, cada, e dois carros idênticos, mas com motores de 45 cavalos -,
duas pranchas cargueiras (capacitadas a 6 T, cada), com motores de 45 cavalos.
"Poucos anos depois os serviços são comprados pela Cia. de Serviços
Reunidos, que manteve os serviços de bonde." (HTUB - WCS - pág. 487). A
"Serviços Reunidos", no entanto, faltou com os compromissos do arrendamento, o
que ocasionou, em 1926, a decisão do governo de rescindir o contrato com a empresa,
encampando todos os encargos, que englobavam os serviços de bondes, luz e telefonia da
cidade. Foram, então, providenciados melhoramentos, sob a administração do
superintendente Ribeiro de Castro, tratando-se de adquirir material para três novos
carros motores, além da importação de seis reboques, encomendados ao fabricante
Middletown Car Co. ("Os primeiros carros reboques eram de procedência belga, da
fábrica Les Ateliers Metallurgiques" - HTUB - WCS - pág. 488). Em 1927
os contratos dos serviços de força, luz, bondes e telefones, de Vitória e Cachoeiro do
Itapemirim, foram adquiridos pela General Electric Co., que providenciou consideráveis
melhorias, incluindo a expansão da malha, cujos trilhos atingiam um alcance de 28 Km,
contando 16 carros de passageiro, três cargueiros e oito mistos. Mas, apesar dos
progressos, aconteceu o "inevitável", ou seja, o raciocínio estereotipado que
costumava servir de "argumento" para dar causa à retirada dos bondes das ruas
de cidades onde penetrara em excesso o concorrente rodoviário, ou seja, o ônibus. E, por
"atrapalharem o trânsito", os bondes foram retirados de circulação em 1963.
". . . a concorrência dos automóveis e ônibus foi relegando os bondes à casta de
atravancadores do trânsito, sendo culpados de todo o congestionamento e assim
em março de 1963 corre o último bonde elétrico na cidade." (HUTB - WCS - pág.
490). |