Ferrocarril (veja ilustrações) é, literalmente, o termo designativo do trilho
ferroviário, mas ficou mais identificado com o trilho específico dos bondes, e, por
extensão, acabou por significar o próprio veículo de transporte coletivo urbano, a que
se dá, internacionalmente, o nome genérico inglês de "tram", embora alguns
idiomas tenham seu designativo próprio. "Tram" é a abreviatura de "tramway"
(caminho [de ferro] "chato"*), ou seja, o ferrocarril de rua, que parece achatado,
por dar a impressão de ser um segmento metálico sem protuberância, no nível do
pavimento da rua. Os portugueses dizem "eléctrico", os alemães
"Straßenbahn" (que pode ser traduzido como "trem de rua"); no Brasil
perpetuou-se o termo "bonde", oriundo da palavra inglesa "bond"
(bônus), devido ao fato de o sistema de carris no Brasil ter sido financiado por meio
desse recurso administrativo*.Os primeiros bondes eram movidos a tração animal, às
vezes rebocados por cavalos, mas geralmente por muares. Houve, também - e pouca gente
sabe - bondes a vapor.
Eram geralmente carros-reboque puxados por pequenas locomotivas. Existiram bondes a
tração animal e a vapor no Rio de Janeiro.
O trilho de bonde é
geralmente provido de uma fenda, onde correm os frisos das rodas. Além dessa fenda, do
lastro (dormentes) oculto sob o calçamento da rua, das curvas fechadas e das velocidades
mais módicas, que possibilitam frenagens mais prontas, devido à necessidade de
acompanhar o trânsito e das paragens nos pontos, tudo numa via de bondes - desvios,
cruzamentos, o sistema de condução e propulsão parecido com o das locomotivas e trens
elétricos - é semelhante aos aspectos da ferrovia convencional.
O transporte urbano sobre
trilhos estende-se, basicamente, em três gêneros: o trem urbano de superfície, o metrô
subterrâneo e o "tramway", isto é, o sistema de bondes. Este foi o principal
meio de transporte coletivo urbano no mundo, durante o século XX, e, embora tenha sido
abolido em alguns países, mantém-se em diversas cidades, principalmente da Europa, e se
mostra extremamente prático e funcional, por não poluir o ar devido à tração
elétrica , por ocupar pouco espaço nas ruas e por ter a passagem previsível,
devido a correr sobre trilhos, o que possibilita ao motorista do carro de passeio, do
táxi, do ônibus ou do caminhão, e mesmo aos pedestres, orientarem-se com relação aos
movimentos de seu companheiro ferroviário. No Brasil, preservou-se o bonde na região
carioca de Santa Teresa onde o serviço atende como utilitário ao povo da
região, além de ser um atrativo turístico , e na Cidade de Santos foram restaurados alguns carros e restabelecidos alguns
trechos de via, no centro da cidade, para um percurso turístico, que
está funcionando atualmente. Há também uma espécie de bonde em Campos do Jordão (de
Campos do Jordão a Pindamonhangaba), mas trata-se de linha fora do trânsito urbano, com
os dormentes à mostra, ou seja, uma ferrovia de estilo genérico, com carros sem estribo
ou degrau baixo, com os acessos nas portas no nível das plataformas das estações. É
uma das atrações turísticas da região, e também serve à população local, como
ocorre em Santa Teresa.
Abaixo, veremos a explicação
do Dicionário Enciclopédico LELLO UNIVERSAL sobre o termo aportuguesado
"Trâmuei", e entrando por aqui, começaremos a conhecer as características desse original meio de
transporte. |
"Trâmuei" é a grafia
aportuguesada da palavra inglesa tramway. A gravura acima, extraída de uma
edição antiga do LELLO (provavelmente da década de 1930), mostra quatro tipos de
"trâmueis eléctricos". Eis,
abaixo, a definição e dissertação, apresentada na página seguinte (1248):
"TRÂMUEI, s. m. (Ingl.
tramway). Via férrea, assente numa estrada ordinária, numa rua, por
meio de carris sem saliência, sôbre a qual circulam carros de tracção animal ou
mechânica : trâmuei eléctrico. Carro, que circula nessa via férrea : o
mesmo que bonde, no Brasil. Combóio de serviço restricto ás linhas próximas das
grandes cidades. Tranvia, (v. este voc.).
ENCYCL. Foi um francez,
Loubat, quem primeiro installou, em 1842, uma linha de trâmueis em Nova-York (Estados
Unidos). O americano Train construiu approximadamente em 1860, na Inglaterra, outras
linhas de trâmueis. Em França existiam desde 1854, devidas a Loubat, regressado da
América. Foi em Paris, ao longo do caes de Debilly, que êsse engenheiro inaugurou a
linha, com o nome de caminho de ferro americano. Com o nome de carros
americanos foram inaugurados mais tarde em Lisbôa, Pôrto e outras terras.
A via do caminho de
ferro americano era constituída por carris sem saliência, ao longo dos quaes
rodavam os carros. A substituição da tracção animal pela mechânica obrigou a
numerosos aperfeiçoamentos nas formas do carril e na constituição da via.
Hoje, em Portugal, como nos
outros paízes, quási tôdas as linhas de trâmueis estão electrificadas : a corrente,
conduzida da central productora de energia, por um cabo aéreo ou subterrâneo, chega ao
motor por intermédio de um contacto deslizante (trolley ou rolador), aéreo
ou subterrâneo e volta á central pelos carris ou pelo solo. A mudança de velocidade do
vehiculo e o impulso para a marcha são regulados por um commutador especial, manejado
pelo guarda-freio, susceptível de introduzir resistências no circuito.
Definição de "Tranvia" (pg.
1253):
TRANVIA, s. f. (cast. tranvia).
Aportuguezamento do têrmo inglêz tramway. V. Trâmuei. |