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As Características do Bonde

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Bondes no Brasil - Santos - SP
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Acima - Bonde aberto (foto de Waldemar P. Sampaio) - Santos - 19-6-1964 - HTUB - WCS - pág. 416.

Acima - Bonde fechado (foto de Waldemar P. Sampaio) - Santos - 25-6-1966 - HTUB - WCS - pág. 419.

Acima - Praia do Gonzaga, vendo-se um dos célebres "articulados" (foto do arquivo de Carlheinz Hahmann) - Santos - 1946 - HTUB - WCS - pág. 417.

Explanação baseada em dados colhidos da obra de Waldemar Corrêa Stiel

O primeiro empreendimento santista voltado ao transporte urbano sobre trilhos coube a Domingos Moutinho, que, em 1870, obteve concessão para tal iniciativa, formando a "Companhia Melhoramentos da Cidade de Santos". A linha inaugural, com terminal na "Barra" (Boqueirão), começou a funcionar em 9 de Outubro de 1871. Outro empreendedor - Mathias Costa - inaugurou, em 4 de Abril de 1889, a linha do José Menino, passando pela Av. Ana Costa. Um pouco antes (1879) a "Cia. Viação Paulista" adquirira ambos os contratos, monopolizando o sistema de bondes da cidade, até 1901, quando João Eboly comprou todo o seu acervo. Em 7 de Agosto desse ano, organizou-se a "Empreza Ferro-Carril Santista", que começou a explorar o serviço, adquirindo carros de passageiros, mistos, bagageiros e cargueiros, e tomou a iniciativa de eletrificar o sistema, não levando avante, porém, a meta, pois, em 20 de Fevereiro de 1904 a "The City of Santos Improvements Company Ltd." adquiriu todo seu acervo e concessão. Entrementes, organizava-se uma empresa de bondes no município vizinho de São Vicente, que inaugurou seu serviço em 19 de Setembro de 1905, perfazendo um trajeto desde a Praia de Itararé à divisa dos dois municípios, na Praia do José Menino. Durou até 1908, quando foi vendida a "Cia. City", que já tratava da eletrificação em Santos, melhoramento que iria abranger, também, São Vicente. O serviço elétrico foi inaugurado em 28 de Abril de 1909, com a linha 2 - São Vicente via Praia, com carros ingleses da "The British Westinghouse Mfg. Co." A bitola adotada era de 1,33 m. Em 1919, a Companhia preparou-se para fabricar seus próprios bondes, nas instalações da Vila Matias, em vista das dificuldades de importação, causadas pela guerra. Desenvolvendo plena auto-suficiência, a empresa construiu seu primeiro carro (no. 102), adotou madeira nacional e estabeleceu sua própria fundição. Em 1924, entretanto, justamente quando a Companhia propunha novos melhoramentos, foram suspensos os favores aduaneiros concedidos a empresas de utilidade pública. Convém transcrever na íntegra o trecho de Stiel que comenta esse fato, demonstrando o começo declínio do transporte ferroviário no Brasil: "Esse é um dos motivos da decadência do transporte coletivo sobre trilhos no Brasil, que em 1952 receberia novo golpe com o confisco cambial e depois com a instalação da indústria automobilística." (HTUB - WCS - pág. 414). Pagando, então, um preço exorbitante pelos direitos alfandegários, a empresa recebeu novos carros importados em 1926; esses eram veículos maiores, de dois trucks (oito rodas) e 60 lugares. Empregando essas novas unidades, inaugurou-se, em 4 de Outubro desse ano, a linha da Ponta da Praia. Já em 1931, carros grandes passaram também a ser fabricados pela própria Companhia, que desde 1929 preparava suas instalações para esse fim, pelo que interrompera a construção dos carros pequenos. As antigas alavancas tipo "lança" foram substituídas, em 1933, por alavancas "arco", cujo formato característico adotado - compridas, alargando-se apenas no topo (ver fotos acima) -, valeram-lhes a alcunha de "liras", devido à semelhança com esse instrumento musical. Em 1935 foi posta em serviço uma inovação, o carro articulado (uma das fotos acima), com três trucks, dois nas extremidades e um no meio - 12 rodas, portanto - sendo o truck central, de rolagem, responsável pela articulação entre as duas unidades enquanto aos extremos cabia a tração. Assim são muitos dos bondes contemporâneos, hoje comuns em diversas cidades da Europa, onde já existem carros de múltipla articulação, compostos de três ou mais unidades. Apenas dois articulados foram construídos, e foram os primeiros em Santos, a ter frenagem pneumática (freios a ar comprimido), que foi, mais tarde, instalada em todos os bondes santistas. O último bonde construído nas oficinas da Vila Matias data de 1942. A concorrência - sob o conhecido pretexto de serviço auxiliar - veio em 1944, com a incursão dos ônibus, cujas linhas seguiam pelas mesmas vias dos bondes. Em vista do decréscimo da rentabilidade Cia. City rescindiu seu contrato em 1951, passando o sistema de bondes ao SMTC santista, formado nesse ano (1951). É interessante observar que, no caso de Santos, a empresa pública que assumiu os bondes, após a desistência da antiga Companhia - fato que aconteceu em grande parte dos processos de decadência dos tramways brasileiros -, não empreendeu imediatamente a extinção do sistema; ao contrário, começou a reformar os bondes, em estado de conservação já um tanto precário, sendo alguns adaptados para o tipo fechado (ver tipos), e os bondes santistas marcaram o tento de maior permanência no Brasil. Foi o último sistema a ser extinto, em 1971, com exceção do único tramway brasileiro que não acabou, o da região de Santa Teresa, na cidade do Rio de Janeiro. Entretanto, o forte significado histórico do bonde de Santos - que chegou a ser considerado o melhor do Brasil - estimulou o interesse por sua preservação e aproveitamento turístico. Eis que foram recuperados alguns carros, revertidos para o antigo estilo aberto (ver tipos) e recolocados alguns trechos de via, no centro da cidade. Esse trabalho, iniciado e inaugurado em fins da década de 1990, está hoje em operação e pode ser conhecido mais a fundo no site O BONDE, que faz parte do jornal eletrônico santista NOVO MILÊNIO.

 
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