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As Características do Bonde

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Bondes no Brasil - Belo Horizonte - MG
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Bonde especial de luxo (construído em 1908) - Belo Horizonte - 1910 - HTUB - WCS - pág. 39.

Notemos neste belo exemplo de carro especial privado a parte fechada, ou salão, e a cabina de controle aberta. Como nas duas fotos precedentes (Belém), este bonde possui "traços fisionômicos" de carro de comboio.

Os coletores de força dos bondes da capital mineira eram do tipo lança.

Explanação baseada em dados colhidos da obra de Waldemar Corrêa Stiel

Inaugurados em 1902, os bondes de BH corriam na famosa bitola métrica (isto é, 1,0m entre os trilhos, que é, aliás, a que predomina nas ferrovias comuns do Brasil) e já começaram elétricos; assim como em Petrópolis, não houve tração animal no "tramway" de Belo Horizonte. Há mais duas particularidades a observar: os primeiros quatro carros postos em circulação foram construídos no Brasil, e o veículo inaugural foi conduzido por uma mulher - coisa um tanto inusitada para a época, talvez de cunho feminista -, a filha do industrial Sampaio Correia, a quem se deve a fabricação dos quatro bondes iniciais. Mais tarde, em 1908, foi introduzido um gerador mais possante na central de força, e em setembro do mesmo ano, trafegou o primeiro carro de luxo, construído pela própria operadora, a "Companhia Ferro-Carril de Belo Horizonte". A partir de 1909 mais carros foram fabricados e expandiu-se a malha do "tramway" de BH, com o assentamento de novas linhas. Em 1911, a prefeitura colocou os carris em concorrência, na qual candidataram-se a Light, a Gaffré & Guinle, a Cia de Mineração Morro Velho e a Vivaldi & Cia. Durante o curso da concorrência ocorreu uma estagnação na manutenção e nos progressos do sistema de bondes, pelo que o mesmo começou a decair. Mas em 1912 tomou posse a empresa "Sampaio Correia & Cia." (a mesma que fabricara os quatro veículos iniciais), que tratou de reestruturar os serviços de viação, fazendo também incrementos nas linhas, dentre os quais a implantação de vias novas e a duplicação de vias singelas (via – ou linha – singela é uma via única para tráfego em dois sentidos). A partir de 1915 ocorreram grandes avanços, em aumento do número de carros e acréscimos de linhas, e até 1923, quando foi prolongada a linha do bairro Floresta, o bonde cumpriu seu trabalho, livre de concorrências rodoviárias. Em outubro do mesmo ano, porém, começaram a surgir os "auto-omnibus", estabelecendo-se a "disputa", fator que, na ocasião, estimulou novos progressos e modernizações para o sistema de bondes da cidade. Apesar dos novos incrementos – que de fato aconteceram –, o declínio também aconteceu, e as dificuldades por que veio a passar o "tramway" de BH, como, p/ex., um período de seca - que, baixando o rendimento das usinas de força, diminuiu o fornecimento de eletricidade –, a falta de incentivos e medidas de solução e, sobretudo, as "campanhas contra" promovidas pelo empresariado do ônibus, tudo isso formou um conjunto de atuações contrárias à preservação dos carris, que – infelizmente – foram extintos em 1965, "apesar de os bondes (como em todos os locais onde eles trafegaram) serem muito populares entre a maioria do povo. Havia até um dito popular que dizia: ‘Ai meu Deus, que vida é esta: subir Bahia e descer Floresta!...’ Mas com a política de acabar os serviços tranviários com banda de música e festejos o povo ia na onda e acompanhava essas comemorações sem queixas. (Psicologia aliada à política.)" obs.: O trecho entre aspas acima foi transcrito literalmente de HTUB – Stiel – página 47. De fato, tanto se "fez a cabeça" do povo contra os bondes, que hoje a juventude às vezes nem sabe o que é isso, e alguns antigos, ainda que lembrem em estilo saudosista, repetem o chavão de que o bonde "atrapalhava o trânsito", embora seja evidente que - sem o excesso de ônibus e sem tanta gente trafegando em seu automóvel particular pelas cidades, porque o transporte coletivo é deficiente – o bonde, longe de atrapalhar, até serviria de ponto de referência para o tráfego.

À direita: Vista recente dos bondes de Belo Horizonte. Observemos, nesta bela paisagem, o alargamento da via, em formação circular, ao redor do obelisco, vindo e indo em convergência com a reta que segue no sentido adentrado da foto. Vemos, rumando à nossa direita, no sentido de vir, um bonde recente, de grande porte, dois trucks (oito rodas) robusto e fechado, e, em sentido de ir, rumando à nossa esquerda, um pequeno carro antigo, aberto, de truck único (quatro rodas). A imagem nos dá um vislumbre da manutenção em serviço dos veículos antigos, em convivência com os mais modernos, um exemplo de bom aproveitamento do que já existia, juntamente com o que se cria no momento em questão. Utilizam-se os tipos dos bondes de acordo com as necessidades da linha que servem.

Foto da coleção de Allen Morrison. Veja em O BONDE.

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