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As Características do Bonde

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Bondes no Brasil - Porto Alegre - RS
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Acima: Bonde de dois pavimentos, conhecido como "Imperiais" (foto do livro Biografia de uma cidade) - HTUB - WCS - pág. 257. Bondes duplos foram sempre raros, em qualquer região do Globo, exceto na Grã-Bretanha e em Hong-Kong, que foi possessão britânica. Existiram, no entanto, na Argentina e no Brasil, como vemos nesta original fotografia de Porto Alegre. Note-se a estética do carro, um tanto "arquitetônica", na qual sobressaem-se as linhas do andar superior.

Acima à direita: Av. Borges de Medeiros - Porto Alegre - 1950 - HTUB - WCS - pág. 266. Contrastando com a figura anterior – que exibe uma época de princípios de século, esta fotografia nos mostra uma cena característica de meados do Século XX, com seus prédios altos e veículos típicos da ocasião, inclusive um bonde, carro fechado de grande porte, compondo muito naturalmente o contexto. O bonde é a presença ferroviária em plena rua, de modo perfeitamente integrado.

Explanação baseada em dados colhidos da obra de Waldemar Corrêa Stiel

Já adotando carros de dois andares, o primeiro serviço de bondes a tração animal em Porto Alegre foi de iniciativa do Sr. Estácio Bitencourt, que estabeleceu contrato em 1864, sendo iniciado o tráfego em Novembro do mesmo ano; mas com os resultados deficitários do empreendimento, o serviço não durou muito. Em 1872 criou-se nova empresa de carris, a "Cia. Carris de Ferro Porto-Alegrense", uma espécie de sociedade anônima, que promoveu rápido assentamento de trilhos, em bitola métrica (1,0 m entre os trilhos), começando o funcionamento em 4 de Janeiro de 1873, mas cuja inauguração oficial deu-se em 25 de Julho desse ano. A extensão da malha perfazia 16,820 km, e o material rodante compunha-se de 11 carros abertos, 9 fechados e um trole de linha. Dezoito anos depois (1893) surge outra empresa, a "Cia. de Carris Urbanos de Porto Alegre", e em 1906 a Intendência (prefeitura), abriu concorrência para instalação da tração elétrica. Fundiram-se as duas empresas de bondes a burro, compondo a nova "Companhia Luz e Força Porto-Alegrense", que firmou contrato com o município em 14 de Abril de 1906, determinando-se também o fornecimento de luz elétrica; em Outubro iniciaram-se os estudos e projetos, e de Novembro a Dezembro a distribuição e assentamento de trilhos, em bitola de 1,435 m, construindo-se uma usina de geração; adquiriram-se 37 carros ingleses, dentre os quais dois eram "Imperiais" (com dois pavimentos). Deu-se a inauguração em 10 de Março de 1908. Pelos anos seguintes estendeu-se a malha viária e mais carros foram adquiridos, sendo que os "Imperiais", devido à sua incompatibilidade com a topografia da cidade, passaram a serviço esporádico. Em 1920 Porto Alegre contava com sete linhas (trajetos) de bondes. Nessa década, ocorreram progressos, tornando-se a empresa auto-suficiente para fabricação de carros (aproveitando e recuperando motores e truques de veículos velhos), e reformas, dentre as quais a transformação dos "Imperiais" em bondes fechados. Ocorreu em 1925 a renovação do contrato, e novas modificações foram feitas, dentre estas a soldagem de trilhos, aliás um grande avanço técnico para a época. Nessa mesma fase, os "Imperiais" foram retirados de circulação. Em 1926 chegaram cinco carros belgas, e introduziu-se o sistema de freio a ar comprimido; mais carros belgas chegaram no ano seguinte, quando a empresa atingia sua plenitude em termos de eficiência, modernidade, expansão de vias e número de veículos. Em 1928 a empresa norte-americana "Electric Bond & Share" tornou-se acionista majoritária da "Carris Porto-Alegrense", que sob sua nova administração adquiriu alguns ônibus para auxiliar o serviço dos bondes. Em 1929 chegaram mais carros fechados, e empreendeu-se a reforma completa no carro no. 80, um dois mais antigos, inserindo-se no mesmo inovações, além do freio a ar, como a colocação de uma caixa, ao lado do motorneiro (que trabalharia sentado), para o pagamento das passagens (deduz-se que, provavelmente, esse sistema dispensasse a participação do condutor, isto é, cobrador de passagens), e o letreiro luminoso na "vista" de indicação do destino do percurso. Em 1930 saíram de circulação os carros reboque. No decorrer dos seguintes anos, a empresa passou a um consórcio de empresas carboníferas, sendo modificados certos estatutos, e acrescidas novas linhas. A prefeitura encampou o sistema em 1960, compondo-se uma empresa municipal de coletivos, incluindo bondes e ônibus. Os bondes porto-alegrenses duraram mais dez anos, sobrevivendo a um mal gerido serviço de trólebus que não passou de 1969. Certamente os bondes fizeram falta, como em todo lugar de onde foram retirados. Mas, como de costume, o que foi feito em Porto Alegre com relação aos bondes nada teve de original, ou seja, extinguiram-se os serviços em 8 de março de 1970. Em todo caso, Porto Alegre foi, antecedendo Santos, uma das últimas cidades brasileiras a seguir o "costume".

À direita: Reportagem histórica publicada no jornal Zero Hora (Porto Alegre), com fotografia (enviada a este site por Paulo Afonso Costa Pereira) da Av. Borges de Medeiros na década de 1940, extraída do livro
"Porto Alegre,
Guia Histórico" 
de Sérgio da Costa Franco.
Clique na imagem p/ ampliar.


 
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