Um dos mais belos e bem
traçados "tramways" brasileiros, parte integrante harmônica do contexto visual
e dinâmico da cidade, o sistema de bondes de Petrópolis foi, mesmo assim, um dos que
menos durou - apenas 27 anos. Antes de ter transportes urbanos, Petrópolis, que o
Imperador Dom Pedro II freqüentava desde jovem, contava com o trem a cremalheira, que
vinha do Rio de Janeiro, além de um serviço de diligências ligando a cidade a
Entre-Rios. As primeiras cogitações para implantar o ferro-carril em Petrópolis datam
de 1878, mas o governo da Província não aprovou os termos do requerente, Sr. Alfredo
Gomes Neto. Não teve melhor rumo a proposta apresentada em 1880 por B. Caymari e Galdino
J. de Bessa, devido ao não cumprimento de prazos. Um último intento que não vingou foi
o projeto do Sr. André Tramu (26 de Março de 1896), que propôs a implantação de
"bondes-automóveis a vapor e a gás de
petróleo, trafegando sobre trilhos de ferro" (HTUB Stiel pág. 241;
item 3). Com a criação - em fins da primeira década do século XX - da Cia.
Brasileira de Energia Elétrica, a mesma propôs a instalação do bonde elétrico (como
já foi dito, Petrópolis não teve bondes a tração animal). Firmou-se contrato,
iniciaram-se as obras, e deu-se a inauguração(*)
em 13 de Dezembro de 1912. Segundo um relato apresentado por Stiel (HTUB pág.
241; item 4), o serviço começou com "bondes fechados, veículos elegantes
e cômodos, são os únicos em nosso país, pelo seu feitio sui generis, diz
um mapa de 1925." A primeira linha foi a do bairro Cascatinha, surgindo em seguida a
do Alto da Serra e a Circular. Os bondes petropolitanos rodavam na ilustre bitola
métrica (1,0m entre os trilhos), compondo-se a malha, até 1930, de quatro linhas:
"Alto da Serra, Cascatinha, Rhenânia e Circular" (HTUB Stiel
pág. 241; item 4). Em 1917 os carros começaram a ser reformados, visando melhores
condições (vidraças para abrigo às intempéries) aos motorneiros. O serviço
intensificou-se no decorrer dos anos seguintes, com aumento de freqüência e extensão
dos horários. Em 1918, acrescentou-se ao material rodante um bonde
"irrigadeira" (carro-pipa), para irrigação das ruas. Em fins de 1930 surgiu
uma nova linha Circular. Os concorrentes rodoviários, no entanto, já estavam na cidade,
e a Cia. Brasileira de Energia Elétrica tudo fazia para ampliar e manter o belo
"tramway" petropolitano. Seria ótimo para hoje, tanto no sentido utilitário
quanto no turístico, se a Companhia houvesse obtido êxito em seus esforços, e o bonde
de Petrópolis não tivesse parado de rodar, como infelizmente aconteceu, em 15 de Julho
de 1939. |